CASAMENTO MISTO.
Jugo desigual, ou cangalha,
como se diz aqui no Espírito Santo, é o nome dado àquela peça de madeira que é
colocada sobre dois animais para que possam puxar a carroça, o arado, etc.
Quando se colocam animais para
puxar uma carga, deve-se ter o cuidado para que não sejam de tamanho ou força
“desigual” a fim de que um deles não fique sobrecarregado, ou seja, para que
não seja um “jugo desigual”.
A Bíblia fala sobre jugos
desiguais e é bastante clara ao afirmar que os crentes não devem se prender a
jugo desigual com os incrédulos. Na segunda epístola aos Coríntios Paulo
escreveu: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que
sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz
com as trevas? Que harmonia entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente
com o incrédulo?” (2Co 6.14-15).
O ensino diz respeito a
qualquer associação entre um crente e um incrédulo, apesar de ser mais
comumente usado para se referir ao chamado “casamento misto”.
A razão para essa ordenança,
creio ser bem simples de se compreender. Tendo princípios e motivações
diferentes, sempre haverá uma carga mais pesada para uma parte que para a outra
e, geralmente, pesando para o lado do crente. Ouvi certa vez, de alguém que não
via problemas no casamento misto, que a ordem de Paulo se referia apenas a
sociedades civis, mas pense na implicação dessa posição: você pode casar com um
incrédulo e dividir com ele a grande responsabilidade de educar os filhos, mas
não pode abrir um negócio com o cônjuge. Isso chega a soar de forma ridícula.
Um cristão comprometido com o
Senhor deve ponderar muito bem sobre essa questão, pois as dificuldades
certamente virão e, ainda que fosse possível garantir que elas não fossem
surgir, a desobediência continua existindo. Eu sei que existem, e conheço
alguns, casamentos assim, em que os cônjuges vivem bem e outros em que a parte
incrédula acabou se convertendo, mas isso é pura graça e misericórdia do
Senhor, e constituem-se exceções. A regra continua sendo o ensino de Paulo, que
simplesmente ecoa o que outras passagens das Escrituras ensinam (Gn 6.1-3; Ex
34.12-17; Ne 13.23-27; 1Co 7.39).
São várias as razões que levam
um crente a buscar relacionamento com um incrédulo e por trás de todas elas,
indubitavelmente, está a vontade de satisfazer os próprios sentimentos em vez
de obedecer ao Senhor e esperar nele. Por vezes, a ansiedade de conseguir um
cônjuge torna-se um peso tão grande que a paciência em “esperar” alguém com a mesma
fé dá lugar ao afoito desejo de fazer as coisas do seu próprio jeito e, assim,
estabelece-se o jugo desigual, tão claramente desautorizado pela Palavra.
Mas, se por um lado a
Escritura proíbe o jugo desigual com os incrédulos, por outro lado, ela nos ordena
entrar numa relação que também é de jugo desigual, porém com o Senhor Jesus.
Foi ele mesmo quem disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).
No relacionamento com Cristo
Jesus ele assume todo o peso, em nosso favor.
A Bíblia nos mostra que, além
do peso do pecado, o homem tem sobre si outro grande fardo, pois para que ele
seja salvo Deus requer dele o cumprimento da Lei. O problema é que, por ser
pecador, o homem não tem condições de guardá-la de forma plena e tem sobre si o
peso da condenação do Senhor.
Jesus guardou a Lei de forma
perfeita, tomou sobre ele os nossos pecados e recebeu sobre si o peso da nossa
condenação. Descrevendo o sofrimento do Servo do Senhor, Isaías afirmou que “certamente,
ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...]
ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados” (Is 53.4-5).
O apóstolo Pedro, citando o
texto de Isaías, nos ensina como deve ser a nossa vida, após sermos aliviados
pelo Senhor, do peso da condenação: “Carregando ele mesmo em seu corpo,
sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados,
vivamos para a justiça; por suas chagas fostes sarados” (1Pe 2.24).
Por carregar o peso por nós,
Jesus pode então ordenar e afirmar: “Tomai sobre vós o meu jugo [...] porque
o meu jugo é suave.” Sem o peso da condenação o crente pode cumprir os
mandamentos, não para autojustificação, mas para honrar aquele que o
justificou, entendendo que “os seus mandamentos não são penosos” (1Jo
5.3).
O cristão pode ainda lançar
todo o peso causado pelas ansiedades (incluindo a busca pelo cônjuge) sobre
aquele que o carrega por nós, como exortou Pedro: “Lançando sobre ele a
vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7).
Não insista em buscar um jugo
que o Senhor afirma ser sobremodo pesado, antes, tome sobre você o jugo suave
daquele que suporta o peso por nós, honrando-o em todo tempo no cumprimento dos
seus mandamentos.
Milton Jr.
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