Eleição
Incondicional.
As
doutrinas reformadas afirmam que a escolha da alguns homens para a santidade e
para vida não se baseia em nenhum mérito ou virtude humana, nem mesmo na fé ou
no arrependimento, mas unicamente no amor e na misericórdia de Deus como
expressão da sua livre e soberana vontade.
Para
os Calvinistas a fé e o arrependimento não são condições, mas resultado da
eleição, o meio que Deus escolheu para aplicar a salvação aos eleitos. Deus não elege porque antevê arrependimento
e fé; Ele produz arrependimento e fé porque elegeu.
A
doutrina reformada da eleição incondicional é bem clara e abundante nas
Escrituras. Podemos começar com Ef.1:4-5. Também Paulo escrevendo aos
Tessalonicenses, agradece a Deus pela eleição dos irmãos 2 Ts 2:13.
Os termos
eleitos e escolhidos são empregados com tanta freqüência aos crentes, que se tornou
como que termos técnicos para designar o povo de Deus. Nos Evangelhos assim
como em todas as epistolas, os membros da Igreja de Cristo são chamados de
escolhidos ou eleitos. Falando a respeito da grande tribulação Jesus afirma Mc
13:20-22.
Em
romanos Paulo afirma 8:29-30.
Estes
textos já seriam suficientes para fundamentar a doutrina reformada da eleição.
Entretanto o testemunho bíblico em favor da doutrina da eleição é ainda mais
abrangente.
O
Evangelho é pregado a todos. Uns não entendem, não crêem e rejeitam; outros
porém compreendem e crêem.
Quando
Paulo pregou para um grupo de mulheres em Filipos, Lídia a vendedora de
púrpura, entendeu, se converteu e foi batizada. Por que creu? At 16:14 e
13:48.
Na
verdade a soberania de Deus não se manifesta apenas para eleição para a
salvação. Há outras escolhas mencionadas nas Escrituras. Além da eleição
individual de seres humanos pecadores para a salvação, Deus escolhe pessoas
para serviços e ofícios, escolhe nações para serem alvos da sua. Todas estas
escolhas fazem parte da soberana vontade de Deus.
- É Deus que habilita os eleitos conforme o conselho da sua própria vontade. As pessoas já nascem com maiores ou menores habilidades naturais. Os convertidos recebem habilidades espirituais 1 Co 12:11, 1 Co 12:28
Estas eleições, assim com a
eleição individual são manifestações da livre vontade de Deus imutável em seus
propósitos e soberano em sua vontade.
A
eleição baseou-se em algum mérito dos escolhidos?
Quem
escolhe quem? Os homens a Cristo ou Cristo os homens? Jo 15:16.
Seria
injustiça da parte de Deus?
1. Deus não escolhe
inocente, mas pecadores; logo que injustiça há em ser misericordioso? E que
injustiça há deixar que pereçam os que justamente merecem? Portanto o atributo
de Deus que se destaca na eleição é a misericórdia. Se a eleição fosse
condicional ou por mérito humano todos morreriam.
CAPÍTULO IX
DO LIVRE
ARBITRIO
Rev. Waldemar Alves da
Silva Filho.
Introdução.
Neste estudo, iremos procurar entender a
questão que envolve o termo “Livre-arbítrio”.
Trata-se de um tema que trouxe grande
discussão durante alguns períodos da História. O entendimento diferente acerca
deste tema, ou seja a defesa da existência de um “livre-arbítrio” ou a sua
negação, tem divido pessoas até hoje.
Mas, afinal temos ou não temos
livre-arbítrio? É isto mesmo que iremos verificar, não só analisando as
posições teológicas acerca do assunto, mas, buscando luz da Bíblia para clarear
nosso entendimento.
Antes de mais nada precisamos definir o
que seja esse tal “Livre-arbítrio”:
Héber
Carlos de Campos
também a define como: “a capacidade que o homem teve, de escolher as coisas que
combinavam com a sua natureza santa, mas que, mutavelmente, pudesse escolher
aquilo que era contrário à sua natureza santa”.
Vejam que tais definições, estão de
acordo com o que prescreve a nossa Confissão de Fé:
O homem em seu
estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é
bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa
liberdade e poder.
É importante dizermos que quanto a
definição, não existe dificuldade. O problema todo que envolve o tema, é se o homem hoje, depois da queda ,
possui ou não esse tal de livre-arbítrio.
Antes mesmo de entrar propriamente na
discussão, se o homem ainda dispõe dessa capacidade, precisamos dizer algo
acerca de uma faculdade natural e inalterada no homem, mesmo depois da queda,
chamada de “livre agência” ou “capacidade de escolha”.
Livre
Agência ou Capacidade de Escolha.
Existe no homem uma capacidade tal que
lhe dá condições de fazer escolhas, de acordo com o que lhe é agradável. O
homem sempre e em qualquer condição, faz as suas escolhas, de tal forma que ele
é responsabilizado por elas.
“Essa
capacidade ou aptidão é um aspecto inato da natureza humana normal”. Ele é
livre para escolher o que lhe agrada, de acordo com suas inclinações.
Sobre este aspecto da existência humana
a CFW diz o seguinte:
Deus
dotou a vontade do homem com tal liberdade natural, que ela nem é forçada para
o bem nem para o mal, nem a isso determinada por qualquer necessidade absoluta
de sua natureza.
Comentando acerca desta seção da CFW, A.
A. Hodge diz o seguinte:...”que a alma
humana, inclusive todos os seus instintos, idéias, juízos, emoções e
tendências, tem o poder de decidir por si mesma; isto é, a alma decide em cada
caso como geralmente lhe agrade”.
O homem é livre para escolher, sendo
que nada externamente pode forçar suas escolhas.
Tiago
1:14 Ao contrário, cada um é tentado pela sua
própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.
Deuteronômio
30:19 Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas
contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe,
pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.
A definição de Campos sobre este assunto
é também esclarecedora:
Livre
Agência, por outro lado, poderia ser definida como a capacidade que todos os
seres racionais têm de agir espontaneamente, sem serem coagidos de fora, a
caminharem para qualquer lado, fazendo o que querem e o que lhes agrada, sendo,
contudo, levados a fazer aquilo que combina com a natureza deles.
Pelo que ficou demonstrado, em qualquer
época o homem é livre para agir conforme sua condição, sua natureza, ou seja,
ele sempre faz o que quer conforme a sua inclinação.
O
homem, após a queda não possui mais o livre-arbítrio, não pode mais escolher
algo que é contrário a sua natureza pecaminosa. Ele está morto, cego, é escravo
do pecado.
Vejamos
textos que servem de base para a doutrina calvinista:
1.
O homem está morto, incapaz de qualquer bem, precisando da intervenção divina:
Jr 13.23; Ef. 2.1-10; Rm 3.9-18, 23; Cl 2.13; Tt 3.3-5.
2.
O homem não consegue ir até Jesus, senão com a ajuda somente de Deus: Jo 6.44,
65; Rm 9.16.
3.
O homem precisa nascer de novo, contudo, isto só aconteça através da atuação do
Espírito Santo, que age soberanamente: Jo 3.1-15.
4.
O homem não pode compreender as coisas espirituais, senão pelo Espírito: I Co
2.14-16.
5.
A Bíblia declara que o homem está cego, é escarvo do pecado. Não pode fazer
outra coisa senão pecar, a não ser que Deus mude seu estado: Ef. 4.18; Jo
8.31-36; Jo 9.35-41; Rm 6.15-23; 2 Tm 2.26.
6.
O homem não pode apresentar um fruto diferente daquilo que ele é: Mt 7.16-18;
Tg 1.16-18.
É importante enfatizar que, o homem
mesmo neste estado, continua ser um agente livre, ou seja, ele exerce “a livre
agência”. Isto quer dizer que continua a fazer as suas escolhas, contudo, não
escolhe nada que seja contrário a sua natureza pecaminosa.
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